Somos, em nosso planeta, mais de sete bilhões de pessoas.
Cada uma das pessoas dessa imensa população é diferente de todas as outras.
Cada uma tem uma herança e uma história pessoal exclusiva, que a faz ser única.
Somos mais de sete bilhões de pessoas diferentes, compartilhando um mesmo
universo.
Esse conjunto de pessoas apresenta múltiplos
aspectos que se diferenciam entre si no que se refere a origens, etnias,
línguas, crenças, ambientes de residência, culturas, costumes, gênero,
identidade de gênero, constituição física, preferências, orientação de afetos,
etc. E isso define o que se entende como diversidade. A diversidade compreende
qualquer dimensão que pode ser usada para diferenciar grupos ou indivíduos.
O Movimento Escoteiro, desde o seu princípio,
apresenta a diversidade como um dos elementos de sua composição. Alcançando
quase todos os países do mundo, com suas diferentes características, forma uma
fraternidade fundamentada na unidade de ideal e na diversidade de seus membros.
É justamente este alcance que torna o Escotismo um instrumento importante para
o entendimento entre as pessoas, na busca de um mundo melhor.
Ainda em 1919, quando escreve “Aids to
Scoutmastership” (traduzido no Brasil como Guia do Chefe Escoteiro),
Baden-Powell já reforça a ideia da diversidade, afirmando que “o Escotismo é
uma grande fraternidade - um plano que, na prática, derruba diferenças de
classes, credos, raças e regionalismos”, e acrescenta que “felizmente, no
Movimento Escoteiro, temos irmãos-escoteiros já organizados na maioria dos
países civilizados do mundo, e já construímos um tangível núcleo de uma
fraternidade universal”.
Esta concepção de Baden-Powell é reforçada em sua
autobiografia, lançada em 1933, com o título de “Lessons from the varsity of
life” (ou Lições da Escola da Vida, conforme tradução brasileira), onde
escreve: “Pelo Movimento Escoteiro estamos procurando derrotar o egoísmo,
inculcando nos jovens uma visão mais ampla, e um ideal de boa vontade mútua e
serviço. Não pretendemos dizer que o Escotismo resolve tudo, porém uma vez que
grassou com rapidez tão extraordinária, formando extensa fraternidade em países
tão diversos, sem reconhecer diferenças de classe, credo ou raça, pode-se
esperar que seja pelo menos um passo na direção almejada”.
Evidentemente que o conceito atual de diversidade
é muito mais amplo, em sociedades cada vez mais distintas, e se torna
indispensável que o Escotismo, mantendo sua melhor tradição de modernidade,
reflita essa situação e se esforce para representar a sociedade na qual está
inserido.
Vivenciando a prática do Escotismo em um ambiente sem
preconceitos, no qual as diferenças sejam respeitadas e aceitas, nossas
crianças, adolescentes, jovens e adultos poderão compreender que essa soma
oferece uma oportunidade para o enriquecimento da sociedade, que se reflete na
vida familiar, educação, trabalho e, de modo geral, em todos os processos
sociais e culturais de nossas comunidades.
O Escotismo, assumindo valores de respeito à
diversidade, deve, também, evoluir permanentemente para ser capaz de
identificar e responder às diferentes necessidades e características das
crianças, adolescentes e jovens, por intermédio de uma maior participação no
Programa Educativo, assim como de acolher a contribuição de adultos que
representam a diversidade da sociedade.
Apresentando essa incrível possibilidade de unir em um mesmo
ideal e espírito toda esta diversidade, o Movimento Escoteiro pode contribuir,
de fato, para a construção de um mundo mais equitativo e respeitoso frente às
diferenças, independentemente das suas características, sem rótulo ou exclusão.
E é isso o que verdadeiramente somos: uma imensa fraternidade
mundial, na qual todas as pessoas, com a riqueza de suas particularidades e
individualidades, se unem por laços de compreensão mútua, em um ambiente de
respeito e bem-querer, com a proposta de tornarem este mundo melhor para todos.
Embora possa parecer um paradoxo, essa diversidade é
exatamente o que nos une!
Diretoria Executiva Nacional